Momento nostalgia agora, vamos voltar no túnel do tempo e relembrar do carismático Alex Kidd, que certamente foi o expoente máximo do Master System e marcou uma geração de jogadores que passaram horas se divertindo no sistema 8 Bits da Sega durante os anos 80/90.

Alex Kidd in Miracle World” foi o primeiro jogo da série lançado em 1986, criado com o objetivo de competir com o “Super Mario Bros” da rival Nintendo. Apesar de não conseguir destronar o bigodudo, Alex Kidd roubou o status de mascote de Opa-Opa (a primeira mascote da Sega – saiba mais) no final dos anos 80, isso até o surgimento de um certo ouriço supersônico em 1991, que desde então cumpriu o papel de ser o símbolo e cara da empresa até hoje.

Apesar de abandonado pela sua criadora desde os anos 90 (e não esperem vê-lo tão cedo), o célebre personagem recusa-se a morrer na memória dos fãs que já tiveram o prazer de jogar os seus games no saudoso Master System, e sem dúvida o mais popular deles foi “Miracle World“, que posteriormente vinha incluso na memória do Master System II e III. Aqui no Brasil, por causa do excelente sustento e dos fortes investimentos publicitário dados pela Tec Toy, Alex também goza de bastante popularidade entre os jogadores veteranos – só perguntar para qualquer gamer na faixa dos 25-30 anos se ele lembra do personagem.

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a caixa que fez alegria de muita gente e está guardada na estante de vários fãs até hoje

Originalidade 8 Bits

Alex Kidd in Miracle World” foi um jogo de plataforma totalmente original, que NÃO tentou de maneira alguma imitar os concorrentes, especialmente o mais famoso deles na época, o “Super Mario Bros”. Os designers da Sega esbanjaram criatividade ao tentar criar algo único e inovador no gênero, com mecânicas de jogabilidade diferentes, power ups únicos e estilos de fase com qualidades próprias. E definitivamente eles conseguiram criar um jogo com estilo próprio e divertido para agraciar os donos de Master System.

Diferente de tudo o que se via na maioria dos jogos de plataforma, “Miracle World” mostrava toda sua originalidade já em sua primeira fase: descer um enorme penhasco, cheio de rochas e inimigos pelo caminho, ao invés de caminhar para as laterais – como acontecia com a maioria dos games do gênero na época.

Ao chegar no fundo, Alex caía no mar e precisava superar novos desafios e monstros marinhos nadando, para logo depois sair da água e atravessar um longo cenário em uma motinho. Isso tudo apenas nos momentos iniciais da sua aventura, oferecendo uma enorme diversidade que era rara de se encontrar num tempo em que os jogos eram mais simples.

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a diversidade era um dos pontos fortes de Miracle World

Aventuras do Garoto-Macaco

E falando em sua aventura, qual era a missão de Alex no jogo? Há muitos séculos, no planeta Aries, vivia um menino chamado Alex Kidd, que tinha longas orelhas, ligeiramente parecidas com as de um macaco. Durante sete anos ele morou no Monte Eterno estudando Shellcore, uma antiga arte marcial que ensinava as pessoas a ser tão fortes que elas conseguiam quebrar grandes pedras com as próprias mãos.

Certo dia, ao deixar o Monte Eterno para ir à sua terra natal espiritual, ele encontrou um moribundo que lhe fez uma revelação: a pacífica cidade de Radactian corria um grande perigo. Antes de exalar o último suspiro, o homem deu a Alex o fragmento de um mapa e um medalhão feito com um pedaço da Pedra do Sol. O que tudo aquilo queria dizer? O único jeito de descobrir seria viajar para o Miracle World e lá procurar as respostas.

Além dos cenários bem diferenciados, onde não se via estágios totalmente iguais e repetitivos, outro destaque do jogo era um sistema de batalha contra os chefões diferente de qualquer outra coisa vista até então: o famoso JAN-KEN-PÔ (para nós o jogo do pedra-papel-e-tesoura).

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As disputa de pedra-papel-tesoura era uma das marcas das aventuras de Alex

Jogabilidade Inovadora

Em “Miracle World” o jogador coletava sacos de dinheiro que podiam ser gastos em lojinhas para comprar itens, vidas extras e até veículos. Durante as fases havia também algumas caixas com diferentes tipos de itens e power ups, ou com coisas para atrapalhar o avanço do personagem, como aquela caveira que ao encostar, fazia surgir um fantasma que vinha atrás de você.

Apesar do visual colorido e “fofo”, o jogo oferecia uma boa dose de desafios, especialmente contra alguns chefões mais difíceis que tinham um caráter aleatório no pedra-papel-tesoura, dependendo muito da sorte. Como não dava para salvar o progresso, ao acabar todas as vidas a aventura recomeçava, o que deixou muita gente frustrada (mas olha só, temos uma dica que pode ajudar que for tentar se aventurar: Quando aparecer a tela de Game Over, mantenha pressionado Cima e pressione o botão 2 oito vezes para receber um Continue. Você também deve ter mais de 400 moedas para esta dica funcionar).

Havia um item especial que permitia visualizar o que o chefe estava pensando durante a “batalha”, o que facilitava um pouco as coisas, mas mesmo assim, alguns oponentes mudavam de pensamento muito rapidamente, o que exigia habilidade do jogador para alterar sua própria opção em frações de segundos.

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fases aquáticas e aéreas faziam parte da jornada de Alex

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na imagem acima vemos o irmão de Alex preso e o herói entrando no castelo do chefão

final para  acertar as contas num duelo de machos: no papel, pedra e tesoura!

Além disso, como em todo clássico de plataforma que se preza, os monstros eram colocados em lugares estratégicos para atrapalhar o progresso do jogador e fases secretas bem escondidas podem ser encontradas pelos jogadores mais exploradores. Vários obstáculos como rochas, fossos com espinhos, plataformas móveis, buracos com lava borbulhantes, ficavam espalhados pelos cenários, exigindo do gamer um certo nível de agilidade, habilidade e bons reflexos para superá-los.

Por fim, a qualidade audiovisual excelente (para os padrões 8 Bits da época) completava o pacote, com cenários coloridos e bem detalhados. A trilha sonora não era muito variada, mas o temas existentes animavam o jogo o suficiente para ninguém botar defeito – como esquecer da música tema que gruda na cabeça? Escute ela abaixo:

O Clássico que Deixou Saudades

Embora Alex Kidd não tenha conseguido alcançar a fama de ícones como Mario e Sonic, ele certamente desempenhou um papel simbólico na história dos videogames. Ele chegou a fazer algumas aparições esporádicas em outros títulos da Sega, sendo a mais notória no jogo “Sega & Sonic All Stars Racing”, de 2010. Mais do que um personagem carismático, seu primeiro jogo era inovador e cumpria com maestria seu principal objetivo: divertir o jogador. Foi um ícone que tornou-se parte da infância de muitos jogadores, especialmente aqui no Brasil, onde fez grande sucesso e é lembrado com carinho por aqueles que passavam a tarde toda ajudando o garoto-macaco a superar obstáculos em seu Master System.

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