A Sega foi durante muito tempo uma empresa à frente do seu tempo. Sempre lançando jogos que rivalizavam com outras empresas e os seus consoles, de certa forma, ditavam o que viria a seguir.

O Game Gear foi o primeiro console portátil da empresa com tela colorida, lançado em 1990 no Japão e feito para competir diretamente com o Game Boy, o famoso portátil preto e branco da Nintendo. Nesta mesma época a NEC lançou o seu TurboExpress, um portátil que era, essencialmente, um TurboGrafx-16 (também conhecido como PC-Engine no Japão) e conquistou bons resultados ao bater de frente com os portáteis da Sega e Nintendo.

Nesta briga pela liderança do mercado de portáteis, como sabemos a Nintendo foi quem tomou a dianteira, com a Sega vindo em um distante segundo lugar e a NEC acabou desaparecendo com o passar do tempo. No entanto, determinada a mudar o jogo e conquistar a medalha de ouro, a Sega desenvolveu um novo projeto.

Utilizando-se do conhecimento adquirido com o Game Gear e com o Mega Jet – uma outra face do Mega Drive que veremos futuramente – a empresa lançou o seu segundo portátil em 1995 e que ficou conhecido como Sega Nomad.

Nomad ao lado de um Game Gear

O poder do pequeno dotado

Chamado dentro do núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Sega of America como “Project Venus” (que chegou a ser cogitado a ter tela de interface touchscreen, ideia abandonada pelo alto custo), o novo projeto tinha como missão dar mais tempo de vida para o Genesis (como o Mega Drive era conhecido nos EUA), que começava a ver um declínio nas vendas, principalmente por conta da chegada da nova geração em 1994, e também de tentar uma nova abordagem no mercado de portáteis, visto que o Game Gear não deu conta do recado contra o Game Boy.

Internamente o Nomad tinha todas as funções que foram alocadas na PCB (placa de circuito impresso) do modelo 2 do Genesis (conhecido no Brasil como Mega Drive 3) com destaque dos seis botões de ação, a possibilidade de usar a mesma fonte de energia do Genesis 2 – ou seis pilhas AA – e o mesmo cabo A/V, possibilitando ligar o aparelho em televisões.

Os controles direcionais dele se diferenciava bem do console original, mas nada que atrapalhasse a jogatina e o mais interessante, havia a possibilidade de se colocar um segundo controle com a entrada extra.

A sua tela possuía 3,25 polegadas e tinha melhorias gigantescas se comparada com aquela que era utilizada no Game Gear, principalmente porque o Mega Drive trabalha com uma resolução de tela bem maior.

Em contrapartida, por questão de cortes e também pelo design em si, o console portátil não era compatível com os periféricos Power Base Converter, Sega-CD e 32X.

Alguns pequenos problemas

Claro que nem tudo são flores. Apesar da Sega ter conseguido uma boa experiência na área dos portáteis, por questões tecnológicas o Nomad tinha a sua parcela de problemas:

  • A sua tela de LCD tinha um efeito conhecido como “ghosting”, onde os gráficos ficavam borrados porque a tela não tinha uma taxa de atualização rápida o bastante;
  • Por conta da sua tela, o sistema precisava de muita energia. A jogatina com pilhas não poderiam durar mais que cinco horas;
  • Alguns títulos não rodavam bem ou de forma alguma no Nomad, entre eles Chakan, DecapAttack, Golden Axe II, Streets of Rage e Sonic the Hedgehog

Lançamento apenas americano

O produto foi concebido para ser lançado apenas em território americano, pois como a Sega do Japão já havia seguido adiante com o Saturn, a matriz japonesa não achou interessante este tipo de lançamento em terras nipônicas.

O mesmo especula-se dele não ter sido lançado na Europa, onde a filial da empresa por lá preparava o terreno para a chegada do console de 32 Bits.

No entanto, sendo lançado apenas nos EUA, o portátil despertou ao longo dos anos uma boa curiosidade nos colecionadores.

Você conhecia o Sega Nomad? Tem um? O que achou dele?