Saudações pessoal! Vocês lembram do jogo independente em desenvolvimento para o Mega Drive chamado “Papi Commando“? Falamos dele aqui no blog há exatamente um ano atrás.

Pois então, após o seu lançamento pela Watermelon, o Studio Vetea, responsável pela criação do título, iniciou a produção de uma versão melhorada, chamada “Papi Commando Reload“, contendo cenários maiores e mais variados, melhorias gráficas, entre outro detalhes.

Quem estiver curioso, pode jogar uma versão demo disponibilizada pelo estúdio – clique aqui para mais informações (Lembrando que o jogo tem sangue e violência, com classificação de 12 anos.). A página também serve para que você possa acompanhar o desenvolvimento do projeto e conferir outros títulos disponíveis.

Além disso, batemos um papo com o desenvolvedor do jogo, o francês Vetea, que deu mais detalhes sobre o projeto entre outras curiosidades. Confira abaixo!

ENTREVISTA

Olá Alain, faça sua apresentação para os nossos leitores.

Olá! Eu sou o Alain Prud’homme, tenho 46 anos e vivo no sul da França. Eu nasci no Taiti, meu segundo nome é Vetea, usado na web. Eu trabalho como técnico em uma empresa de eletrônicos… a concepção de jogos ocupa um monte do meu tempo livre.

Como você começou no mundos dos videogames?

Eu comecei há muito tempo atrás, em 1977 com o primeiro Pong! Havia apenas duas barras na tela, e a magia se iniciou. Em 1985 meus pais entregaram o meu primeiro computador, o CPC 6128 Color! Uma história de amor por 7 anos. Ikary Warrior, Commando, Sorcery, Crafton & Xunk, e muitos outros títulos chegaram nesse grande computador, tenho muitas boas memórias!

Depois disso, fui trabalhar para conseguir o meu primeiro computador PC, um 386DX40 em 1992. E então eu estava jogando Wolfenstein 3D, Doom, Aces of the Pacific, Wing Commander … Ahhh … quando você conhece os gráficos básicos de um CPC (160 x 200, 16 cores), para o MCGA-VGA (320 x 200, com 256 cores), é realmente uma revolução, um choque!

Conte-nos sobre o projeto Papi Commando. Quais são as diferenças entre a primeira versão e a mais recente “Reload”?

As principais diferenças são:

  • Gráficos melhores;
  • cenários de batalha maiores;
  • Músicas FM;
  • A utilização de um novo Devkit, o SGdK que usa C – o antigo era Basiegaxorz que usa Basic

O storyboard continua o mesmo.

Como começou essa iniciativa de desenvolver jogos para o Mega Drive? Que outros títulos você já fez para o sistema?

Eu comecei Papi Commando após a realização da versão em PC, Papi Commando: Who Dares Wins 3. Um amigo me mostrou seu trabalho no Mega Drive com uma adaptação de Barbarian [lançado originalmente em 1987 no Commodore 64]. Eu fiquei muito impressionado com isto. Como pode desenvolver um jogo em um console morto hoje em dia? Então ele me mostrou o devkit que ele usou, o Basiegaxorz, uma ferramenta simples onde você pode usar a linguagem de programação Basic para desenvolver jogos. E como eu conheço Basic, eu comecei o processo.

No Mega Drive eu desenvolvi também Bomb on Basic City, publicado pela Second Dimension e Papi Commando pela Watermelon. Eu comecei a criar um RPG tático chamado “Rol’An’Go”, uma adaptação de um RPG que eu criei no PC anos atrás. E um jogo de tênis, Papi Commando Tennis. Estes projetos estão na espera. Atualmente estou trabalhando na sequência de Papi Commando, a versão “Reload”.

Quais dificuldades você encontrou no processo?

As maiores dificuldades foram as limitações de hardware. Como eu desenvolvo no PC, as únicas limitações que eu tinha eram a minha imaginação e habilidade nos códigos/arte. Quando comecei no Mega Drive, nunca havia tido uma experiência assim. Então, muito cedo, eu conheci a realidade da… otimização de código. Então eu comecei a aprender o  ASM 68K, o hardware do Mega Drive, especificação de VDP, etc… e então eu estava preparado para realmente inciar!

Você acha que há um mercado para jogos independentes em consoles antigos?

Com certeza! Muitas pessoas da minha geração que conhecem os bons e velhos tempos dos consoles podem te falar. Você compra um console, um jogo, você conecta em sua TV, coloca o cartucho, os controles, liga o aparelho e… JOGA! Este é o espírito do videogame caseiro.

Hoje em dia você precisa de uma conexão de internet para atualizar seu perfil, o console, o jogo… você não compra um jogo, mas a permissão de jogar um, as políticas de DLC arruinaram o espírito do videogame para mim. Então, eu acho que esse retorno aos bons e velhos tempos com todos esses retro games que podem ser encontrados no PC, consoles atuais e o lançamento de consoles retro, são um bom exemplo.

Sim, há um mercado para games independentes, pois  muitas pessoas querem viver esse sonho, e atualmente há muitas maneiras de realizar esse sonho.

O Mega Drive era, ou ainda é, popular na França?

Sim! Assim como o NES, SNES, Master System, Colecovision, entre muitos outros. A comunidade retro é muito ativa em Fóruns (como o Gamopat e outros), por desenvolvedores independentes, etc.

Você conhece alguma coisa sobre o Brasil ou sobre o nosso mercado de games?

Absolutamente nada! Eu conheço a Tectoy e o retrogaming no Brasil através de um amigo que vive aí, Salvator Marques Jr. Além disso, já vi muitos vídeos de brasileiros que jogaram e gostaram de Papi Commando. Também vi um artigo do Blog da Tectoy sobre Papi Commando..

Quais são seus planos para o futuro, mais jogos em mente?

Os planos para o futuro são:

1 – terminar a demo oficial de Papi Commando Reload para o Mega Drive Tectoy;

2 – Então, terminar o jogo!

3 – Tenho algumas escolhas aqui: trabalhar no jogo de tênis, no RPG tático ou em algum outro projeto… sempre no Mega Drive, é claro!

Como é o seu processo de desenvolvimento de jogos? Qual lib você usa?

O processo atualmente está parado. Eu preciso de um tempo de folga após o lançamento da primeiro demo de Papi Commando Reload. É um trabalho muito difícil! Eu faço todo o processo de desenvolvimento sozinho. Gráficos, códigos, Música, Pixel Art, Game Design, etc. Eu uso o SgdK Devkit do Stef,  com código em C.

Além de você, quem mais participa no desenvolvimento? Alguém te ajuda com arte ou música?

Para Papi Commando Reload no Mega Drive faço tudo sozinho! Algumas vezes recebo ajuda de Stef. Ele é um grande programador e o criador do SgdK. Assim, ele também pode melhorar o seu incrível devkit.

Que dicas você daria para quem quer começar a desenvolver para o Mega Drive?

Ache bastante tempo livre! Ao iniciar um projeto como esse, realmente vai tomar muito do seu tempo. A principal dificuldade é manter o projeto seguro e vivo. Muitos projetos iniciam e, por causa das dificuldades ou falta de motivação, param. É realmente difícil manter a motivação e manter um bom trabalho para iniciar e finalizar um projeto de videogame.