Vamos começar a falar de Contra: Hard Corps com uma propaganda:

 

Claro que a propaganda pode ser para explicar quaisquer outras coisas, mas para mim, demonstrou o quão difícil é este jogo. E sim, esta é uma palavra que o descreve perfeitamente bem, especialmente quando jogado pela primeira vez.

Algo interessante a se notar é que a versão japonesa é bem mais fácil do que a versão americana. Por quê? Só o pessoal da Konami americana pode explicar, já que o título oriental oferece barrinhas de vida para os personagens e Continues infinitos, enquanto que na americana basta levar um só tiro e adiós amigo – e com Continues limitados.

A dificuldade está no mesmo nível que o jogo original do NES, que já era uma pedreira de ser vencido, o que não o torna menos enjoativo, e sim dando um poderoso adereço a ele.

A história do game se passa cinco anos após os eventos de “Contra III: The Alien War”, no ano de 2641. Uma tropa de elite foi criada, os Unified Military Special Mobile Task Force K-X, também conhecidos como “Contra Hard Corps”, com a missão de combater a rápida propagação do crime e atividades ilegais que surgiram após a guerra do terceiro jogo. Quando um hacker desconhecido se infiltra no sistema de segurança da cidade e reprograma um grupo de robôs para causar destruição, os Hard Corps são chamados para controlar a situação. Porém, a medida em que se avança no jogo, uma trama muito maior vai sendo revelada, envolvendo o Coronel Bahamut, um antigo herói de guerra que pretende derrubar o governo através do desenvolvimento de novas armas usando células alienígenas.

As fases estão bem elaboradas, com inimigos gigantes na tela, assim como os design dos personagens, com muitos sprites, explosões e muitos, mas muitos tiros mesmo por todos os lados. Os cenários são bem longos, com ação tanto na horizontal quanto na vertical, com vários mini-chefes que exalam criatividade. Além disso, há diferentes finais (inclusive um secreto em que seu personagem volta para a pré-história) e rotas alternativas que são decididas ao longo das partidas, fazendo que o mesmo tenha um interessante alto fator replay.

O sistema de armas foi totalmente refeito. Diferente de “Contra III”, que permitia ter até duas armas e um número X de bombas, cada personagem tem agora quatro tipo de armas diferentes e como são quatro personagens diferentes, temos no total 16 tipos de armamentos a disposição. Essa diversidade leva o jogador (ou dois jogadores simultâneos na tela) a ter que experimentar cada personagem para ver qual deles se encaixa melhor na sua maneira de jogar, o que se torna um grande ponto positivo.

E colocando mais tempero neste caldo, cada personagem tem características positivas e negativas, por exemplo: ao selecionar o robozinho Browny, será necessário pular algumas vezes para que seus tiros cheguem a uma determinada altura, enquanto que com Brad Fang, o lobo geneticamente modificado, o seu pulo tem uma altura normal.

Fora as armas, temos ainda as bombas, que são as mesmas para todos os personagens e ficam na última posição no menu de armas – elas são bem úteis para causar um bom estrago em vários inimigos que estão na tela e nos chefes de fase mais durões. E para deixar as coisas mais dinâmicas, há a possibilidade de deslizar de um lado para o outro usando para baixo + C, dando um ar mais estratégico à aventura.

Um dos elementos mais interessantes de “Contra: Hard Corps”, fora o que já foi dito acima, é a sua belíssima trilha sonora que se encaixa perfeitamente com o estilo do jogo e consegue se destacar com temas eletrônicos, mostrando que os programadores da Konami sabiam trabalhar muito bem com o Mega Drive.

Os inimigos são bem variados em cada estágio eles se apresentam de diferentes formas, como na segunda fase por exemplo, não importando a escolha de trajeto, nossos heróis estarão andando de moto em alta velocidade com inimigos voadores atacando em naves, com soldados e até mesmo com aranhas em túneis! E com o uso do efeito parallax a imersão dentro do jogo é realmente impressionante, pois os desenvolvedores conseguiram programar bem o Mega Drive para manipular os muitos objetos na tela. Pena que isto não aconteceu com todos os jogos do console.

Uma pequena curiosidade: na Europa a série Contra era conhecida pelo nome “Probotector” (uma junção das palavras Protector e Robot), devido à forte censura com jogos de tema de guerra e violência. As mudanças não foram só no título, mas também no visual dos personagens para robôs. Os inimigos continuaram sendo os mesmos, com exceção dos vilões Deadeye Joe e Coronel Bahamut que foram redesenhados para serem alienígenas, e até mesmo partes da história do jogo foi alterada.

Os protagonistas humanos Ray, Sheena e Fang foram substituídos por versões robóticas chamadas CX1, CX2, CX3 e Browny, que já era um robô, apenas foi renomeado para CX4. O comandante da Hard Corp também foi substituído por um robô. Os personagens Noiman Cascade e Dr. Geo Mandrake continuaram os mesmos, mas o papel do cientista foi diminuído na versão europeia e não ocorre sua traição. Também não há a opção no final do game dos protagonistas se aliarem ao vilão e algumas palavras como “Damn” e referências ao “Contra III” foram alteradas ou totalmente retiradas.

Contra Hard Corps” é com certeza um dos melhores jogos da franquia, simplesmente um título imperdível para se jogar no seu Mega Drive, em especial para gamers que curtem desafios hardcore.

Obs: Algumas ROMs deste jogo podem não funcionar no novo Mega Drive, mas confira o vídeo abaixo para sanar este problema.