Dispensando apresentações, especialmente para fãs de jogos antigos, o YouTuber Velberan decidiu escrever um livro contando um pouco sobre sua história de vida gamer. Sob o título de “No meu tempo as coisas eram diferentes”, o projeto está no sistema de financiamento coletivo Catarse com a meta de R$ 15.000.

São mais de 300 páginas contando a vida de Alessandro e você, que também pegou essa época, irá se identificar e fazer uma verdadeira “viagem no tempo”. Além disso, a capa é uma referência não só aos cartuchos do Master System, mas também ao conhecido logo da Tectoy, sendo uma homenagem mais que apreciada por nós que trabalhamos por aqui! Anteriormente, entrevistamos o “Tio Velbs”  comentando um pouco sobre sua carreira de YouTuber e agora conversamos sobre seu livro.

Antes de iniciar, nada mais justo que recapitular um pouco sobre seus quatro canais: Velberan Games, o mais conhecido, onde ele fala sobre games; Velberan Adventures, focado em gameplays;  Bom de Garfo, exibindo um pouco sobre sua paixão por comida e o Não repare a bagunça, seu canal mais recente onde ele comenta assuntos que não cabem nos outros canais.

1 – Uma grande honra ter você aqui com a gente no Blog Tectoy novamente, Velberan! Queria iniciar essa entrevista começando do mais básico: conte um pouco sobre as ideias que levaram você a escrever esse livro. Ele vem para atingir os jogadores da nossa geração? Mostrar a uma nova geração como as coisas funcionavam antigamente? Conte pra nós sobre as ideias por trás do projeto “No meu tempo as coisas eram diferentes”.

Velberan: Agradeço demais a oportunidade de falar no Blog Tectoy novamente. A ideia surgiu em uma conversa com o Cleber Marques, editor da WarpZone e agora também da COOP Editora que está produzindo o livro. A princípio seria para lançar um livro falando sobre mim como Youtuber, porém não achei a ideia interessante e comecei a pensar em escrever um livro contando as minhas histórias com videogames e cultura pop dos anos 1980 e 1990.

Foquei em fazer um registro literário sobre o período tanto para quem viveu a época relembrar os tempos antigos quanto para os mais novos, que cresceram depois das locadoras e dos videogames, conhecerem como se jogava quando este entretenimento estava começando a se popularizar.

2 – Notei que a capa tem um Velberan “em pixels” imitando a caixa de jogos do Master System e um logotipo “co-op editora” simulando o da Tectoy. Queria que você comentasse o porquê desta homenagem e, aproveitando o gancho, qual a importância da Tectoy dentro da sua história gamer?

Velberan.: A ideia da capa foi do capista Elmo Rosa, que cuidou da arte. Com o pedido da capa eu enviei um trecho do livro e algumas imagens de referência, e ele me apresentou três opções muito boas, a que remete às antigas capas de Master System foi a que mais chamou a atenção. Ele acertou em cheio no espírito do livro, não só pela homenagem ao Master, mas também pelo efeito envelhecido que mostra que aquele “cartucho” tem muita história para contar.

Sobre a importância da Tectoy na minha história gamer, posso dizer que foi enorme! Meu primeiro videogame foi o Mega Drive II que vinha com o cartucho do primeiro Sonic. Ainda lembro da propaganda que passava na televisão anunciando o aparelho, dizendo “Preste atenção, pois ele ‘o Sonic’ é quase supersônico“.

3 – Em um dos tópicos está o título: “Meu jogo favorito” e quem acompanha seu canal já há alguns anos sabe que se trata do Phantasy Star do Master System, considerando um grande clássico do console (e perdoe-nos pelo pequeno spoiler do livro!). Explique um pouco pra nós sobre o porquê esse jogo ser tão especial para você.

Velberan: Sim, este capítulo é sobre o Phantasy Star de Master System e entra um pouco na questão da importância da Tectoy para a minha história gamer também, afinal, este foi o primeiro RPG totalmente traduzido em português lançado no Brasil e graças a ele eu comecei a explorar esse gênero novo.

Minha história com o Phantasy Star é longa e no livro conto com todos os detalhes, mas resumidamente, era um jogo que queria demais jogar, principalmente por causa daquele anúncio fantástico com o Lassic (vilão do jogo) que aparecia em duas páginas nas revistas de games.

Porém, eu tinha um Mega Drive, e não um Master System, e foi bastante complicado para eu conseguir finalmente jogá-lo até o fim. Foi uma experiência inesquecível! Hoje tenho como tradição terminar o Phantasy Star pelo menos uma vez a cada ano, e todas as vezes que jogo, me emociono.

4 – O capítulo V de seu livro é inteiramente dedicado a sua vida adulta como gamer. A indústria dos games, o mundo da tecnologia e evidentemente nós mesmos mudamos muito de lá pra cá. Como você compara o Velberan jogador de videogames criança e o adulto?

Velberan: A quinta e última parte do livro foram as mais difíceis para escrever porque se passa numa época conturbada da minha vida, além de ter que escrever sobre como as locadoras e flipermas da minha cidade acabaram. Aqueles tempos bons com os amigos jogando videogames chegaram ao fim, mas iniciou uma nova etapa, onde eu já adulto jogo com meu filho e posso contar minhas histórias para os mais jovens através da internet.

5 – Também há um capítulo com o tópico “além dos videogames”, nos levando a crer que seu livro também é um pouco autobiográfico. Queria que você comentasse um pouco o porquê dessa escolha para seu livro.

Velberan: Eu não queria que o livro fosse dividido em contos, queria que ele tivesse uma continuidade entre os capítulos para os leitores terem uma experiência fluída. Por isso escrevi um pouco sobre minha vida pessoal também, mas somente o que achava interessante para embasar as histórias com videogames, então essa parte não é aprofundada.

Também decidi escrever sobre outras coisas além dos videogames, como desenhos animados, card games, RPG de mesa, música e tecnologia, porém esses assuntos aparecem rápido, o videogame é o personagem principal do livro.

6 – Evidente que um livro que fale sobre os gamers de antigamente vai falar sobre as locadoras fliperamas, e vemos isso em diversos tópicos em sua campanha do Catarse. Hoje em dia elas quase não existem mais devido a evolução da tecnologia, jogos online, uma infinidade de jogos gratuitos com microtransações etc. Você acha que as locadoras de videogame fazem falta nos dias de hoje? Comente um pouco sobre sua visão sobre o assunto.

Velberan: Jogos online trazem grandes vantagens, é incrível jogar com qualquer pessoa do mundo na hora que quiser e sem sair de casa. Mas também pode ser uma experiência solitária, afinal, não tem a pressão do oponente do seu lado, os gritos dos outros jogadores que ficam na torcida enquanto esperam sua vez no fliperama nem o incentivo de garantir os trocados da ficha.

As locadoras e fliperamas eram os pontos de encontro dos jovens noventistas, não era só jogar videogame, tinha todo o convívio social envolvido. Acho que hoje, aliado aos jogos online, deveria ter mais ambientes onde os jovens pudessem jogar presencialmente para potencializar as experiências sociais que os videogames podem oferecer.

7 – Você morou anos no Japão e há uma parte do livro que se dedica a essa parte. Sabemos que o país “respira” videogame, e queria que você comentasse um pouco sobre as diferenças entre lá e aqui. Questões de preço dos jogos, ambientes como CLUB SEGA, e até mesmo o jogadores de lá ou aqui. Por lá eles são mais hardcores mesmos como vemos nos vídeos?

Velberan: Morei no Japão por 10 anos e joguei muito videogame por lá. Os preços dos jogos cabem no salário do mês, e tem tanta oferta que é até fácil perder o controle na hora das compras e acabar entrando no vermelho. A desvantagem é que é difícil conseguir jogos que não estejam totalmente em japonês, e isso pode ser frustrante para quem não domina o idioma.

O que eu mais gostava era das lojas de jogos antigos: tudo o que você procura, entre os jogos e consoles lançados no Japão, você encontra nas lojas, algumas vezes em qualidade de conservação impecável, como novos! Porém, não achei os japoneses tão hardcore com videogames assim. Pessoas de todas as idades jogam muito, mas a maioria deles são casuais e preferem jogos mais fáceis e tranquilos. Eu encontrava os jogadores mais habilidosos apenas nos game-centers, esses sim ambientes para os jogadores de “nível asiático”.

8 – Gostaria de dar algum recado para os leitores do Blog Tectoy?

Velberan: Mais uma vez agradeço à oportunidade de falar com o Blog Tectoy, é sempre um prazer aparecer no blog dessa empresa que marcou tanto a minha vida. Espero que os leitores se divirtam e se emocionem com o livro tanto quanto eu me diverti e me emocionei escrevendo. E nunca se esqueçam: Mega Drive é melhor do que Super Nintendo! Falou!