A franquia “Star Trek” (ou Jornada nas Estrelas, como também é conhecida aqui no Brasil) vem conquistando as fronteiras do espaço desde os anos 60, com a estreia da série clássica na televisão. Desde então, outras séries, filmes, quadrinhos, livros, entre outros, foram lançados expandindo esse incrível universo criado por Gene Roddenberry e despertando a imaginação dos seus milhões de fãs.

E como já era de se esperar, vários jogos baseados na franquia foram lançados, inclusive alguns deles para o nosso querido Mega Drive, como é o caso do título “Star Trek – The Next Generation: Echoes from the Past“, que chegou ao mercado em 1994 e é focado na série de TV “Star Trek: The Next Generation” (Jornada nas Estrelas: A Nova Geração) – que tinha Patrick Stewart como o capitão de um novo modelo da icônica nave interestelar Enterprise.

A primeira vista, o título parece complexo com combates estranhos e tediosos, mas na verdade acaba se revelando uma experiência muito envolvente e criativa para aqueles que decidirem se aventurar por completo no jogo. Com elementos de estratégia e RPG, o jogador assume o comando da nave e sua tripulação em um típico episódio da série.

A Enterprise foi chamada para perto da Zona Neutra para investigar certas atividades dos Romulanos, que supostamente perderam um de seus times de pesquisa no espaço da Federação. E assim como todo bom episódio do seriado, algo que antes parecia ser simples e fácil, torná-se uma encrenca muito maior que pode acabar com a vida em todo o universo.

Em sua jornada pelos confins da galáxia, o Capitão Jean-Luc Picard e sua leal tripulação deverão explorar diversos planetas, lutar contra raças inimigas e trabalhar em equipe para salvar diferentes espécies alienígenas que precisam de ajuda. Uma das coisas mais interessantes neste jogo é que o mesmo quase não parece com um RPG tradicional, com pontos de experiência e magia, ou evolução de nível dos personagens, por exemplo.

A interface da ponte de comando da sua nave é bem interessante e é onde se encontram as opções de Navegação, Comunicação, Teletransporte, Engenharia, entre outros. Caso se sinta perdido, converse com o Capitão em seu escritório (Ready Room) para receber dicas do que fazer.

Nas missões em terra, os oficiais da Frota Estelar trabalham com pouco equipamento, e há um ar de simplicidade e confiança em tudo a sua volta. Seja sendo transportado a bordo de uma nave a deriva para fazer reparos ou explorando a superfície de um planeta, os quatro membros do grupo avançado precisam ser bem práticos em suas tarefas para ter êxito nas missões.

É possível escolher qualquer personagem da série nas explorações, e o mais bacana é tentar fazer grupos iguais aos da TV – com o Capitão Picard a bordo (mas ele pode ir junto se você quiser) e um grupo avançado se lascando para descobrir o problema exato e resolvê-lo num piscar de olho (ou não).

Neste ínterim, ataques de naves inimigas, como os Romulanos, podem ocorrer. É possível batalhar com as naves diretamente usando torpedos e phasers ou usar os motores de dobra para tentar sair de lá o mais rápido possível. As habilidades diplomáticas de Picard também podem ser usadas para evitar confrontos ou problemas maiores.

 

E este pode ser um dos poucos problemas do jogo, pois parece que o pessoal da Spectrum Holobyte quis dar ênfase às batalhas espaciais. Se fosse existir algum jogo que pudesse expandir o nível de detalhamento das comunicações e exploração que “Star Flight” mostrou,  certamente seria este de Jornada nas Estrelas. De toda forma, é possível evitar tais confrontos para uma melhor fluidez da aventura.

Apesar da grande variedade de personagens (são 19 ao todo, incluindo alguns dos desenvolvedores), a grande maioria não apresenta diferenças em sua jogabilidade, exceto por alguns membros como o androide Data, que consegue ver no escuro e andar em regiões onde não possui ar respirável, o engenheiro La Forge que também enxerga no escuro com o seu visor e as três médicas que podem curar outros personagens.

A desenvolvedora perdeu uma grande oportunidade de explorar melhor esse lado tático na escolha dos oficiais , oferecendo uma enorme variedade de opções no gameplay e possibilitando diferentes caminhos para resolver cada problema. Curiosamente, há quatro barras de estatísticas para cada personagem na hora da seleção, mas na prática há poucas diferenças entre eles.

O Tenente-Comandante Worf, que é da raça Klingon, poderia por exemplo apresentar alguma diferença em combate; o Primeiro Oficial William Riker poderia se locomover mais rapidamente do que os outros; o Alferes Wesley Crusher, por ser pequeno, poderia ter acesso a áreas que outros personagens não alcançam, e assim por diante.

É claro que devemos lembrar que um jogo com elementos táticos/estratégia mais complexos não era comum nos videogames de mesa, e sim para computadores que poderiam ser melhor desfrutados com o uso do mouse e teclado. Mesmo assim, “Star Trek – The Next Generation: Echoes from the Past” representa bem a visão de Roddenberry num console de 16-bits e vale a pena ser jogado, especialmente pelos fãs da franquia.

Pode  não ser o game que audaciosamente te levará para onde nenhum homem jamais esteve, mas ajuda bastante a passar o tempo.