Com a estreia do novo filme do herói aracnídeo “Homem-Aranha: De Volta ao Lar“, que marca o primeiro longa solo estrelado por Tom Holland e pela primeira vez com produção da Marvel Studios, nada melhor do que relembrar do clássico jogo lançado para o Mega Drive em 1991, um dos melhores títulos com o personagem.

Nosso herói apareceu pela primeira vez no mundo dos videogames em um jogo lançado para Atari em 1982, mas foi com o “Spider-Man vs The Kingpin” que os fãs recebiam uma aventura eletrônica digna da sua fama, com belos visuais, músicas, e o mais importante, bem fiel às suas raízes nas HQs.

O manual do jogo original, inclusive, conta com uma introdução de quatro páginas escrita por Steve Englehart e desenhada pelo lendário John Romita, um dos mais famosos desenhistas do personagem no início da sua carreira (essa mesma introdução foi reproduzida em animação na abertura do Sega CD).

 

clique nas imagens para ver a introdução do manual

Produzido pela Sega, o jogo fez um enorme sucesso no mundo todo e ajudou a turbinar as vendas do Mega Drive. Além do game ter uma excelente qualidade, o herói passava por uma fase bastante popular nos quadrinhos na época, com histórias escritas e desenhadas pelo hoje famosíssimo Todd McFarlane, o criador do personagem Spawn e que até então era desconhecido.

A Sega acertou em cheio e logo o game ganhou ótimas versões também para o Master System e o Game Gear, sendo a última delas para o Sega CD.

Sentido de Aranha está tinindo!

Peter Parker e sua, então, esposa Mary Jane estão assistindo ao noticiário quando o “cidadão ilustre” da sociedade, Wilson Fisk, aparece acusando o Homem-Aranha de esconder uma bomba nuclear que vai explodir toda a cidade de Nova York. Mas o que as pessoas normais não sabem, é que o nobre cidadão é também conhecido no submundo como o Rei do Crime, inimigo de longa data do Aranha mas que o herói nunca conseguiu prender, por ele possuir conexões políticas/sociais muito fortes.

O Rei diz ainda que a bomba vai explodir em 24 horas e oferece uma recompensa de 10 mil dólares pela cabeça do teioso, o que coloca a polícia e a opinião público contra o herói. E para piorar as coisas para o lado do mascarado, a bela ruiva Mary Jane é raptada lá pela metade do jogo.

Agora sua missão é ajudar o nosso herói encontrar a bomba em 24 horas, provar sua inocência e ainda resgatar a mocinha. Claro que o explosivo mortal está em um local secreto e para desarmá-la o Aranha terá que conseguir várias chaves que estão em posse de seus piores inimigos, e nenhum deles está disposto a entregar de boa vontade. Apenas mais um dia na vida do espetacular Homem-Aranha.

Homem-Areia e Venom juntos contra o Aranha!

Com grandes poderes, grandes responsabilidades!

O teioso começa a aventura em frente ao prédio do jornal Clarim Diário, onde um assaltante tenta passar a mão na bolsa de uma velhinha, e o policial ali presente ao invés de impedir, prefere atacar o nosso herói.

Para passar essa introdução, basta fazer o trabalho do policial e prender o bandido. Um cenário totalmente simples, mas que serve para recriar todo o clima e atmosfera do universo do herói. Em seguida temos um texto com o Aranha dizendo que ouviu rumores durante as suas patrulhas que o Dr Octopus está escondido num armazém da cidade, e é nessa fase que o game realmente começa.

Os comandos são simples e precisos, o Aranha pode socar, chutar, escalar as paredes e claro, usar a sua teia no bom e velho estilo plataforma 2D. Os cenários possuem design bem feitos que aproveitam bem a utilização dos poderes do Aranha, seja em áreas abertas para se balançar com a teia ou tetos e paredes para andar grudado – um grande diferencial na jogabilidade em relação a outros jogos disponíveis na época.

tire fotos dos super-vilões para conseguir uma graninha e comprar fluído de teia

Percebe-se que a Sega se empenhou em tentar incorporar todos os aspectos das habilidades do personagem, o que deixa o game ainda mais especial. Destaque para o uso das teias, que assim como nos quadrinhos, não é orgânica, portanto tem uso limitado. Para conseguir mais do material grudento, o herói precisa de dinheiro para comprar os componentes químicos, e para isso basta tirar fotos dos inimigos e vender no Clarim Diário.

Os chefões sempre valem montantes maiores. Pode-se ainda lançar bolas de teia para acertar inimigos a distância e se a vida estiver muito baixa, é possível fazer um escudo para se proteger dos ataques. Assim como o personagem faz nos quadrinhos.

Além de oferecer um certo elemento de estratégia com o uso da teia, temos outra variante que torna o jogo interessante: o tempo vai diminuindo, e quando chegar a zero é Game Over.

vilões emblemáticos da carreira do herói marcam presença no game!

Vinte e quatro horas pode parecer bastante tempo para um jogo que é possível terminar em menos de uma hora, mas temos várias pegadinhas aqui. Ao zerar sua barra de energia, o Aranha é preso e se o jogador quiser continuar, será ao custo de algumas horinhas. Se o medidor de vida estiver muito baixo, é possível recarregá-lo dentro da casa de Peter, mas isso também consome tempo, e quando você for perceber, as 24 horas passaram rapidinho e você não está nem na metade da aventura!

O jogo não é muito difícil, mas tem algumas fases e alguns chefões que podem causar dores de cabeça, especialmente nas primeiras tentativas. São sete fases no total, cada uma com um vilão clássico do herói: Dr Octopus, Lagarto, Electro, Homem-Areia, Duende Macabro, Venom (esse ainda aparece em cenários ou junto com outros chefes para aporrinhar) e finalmente o Rei do Crime.

A batalha contra o Rei do Crime ainda apresenta um agravante: você precisa derrotá-lo antes que Mary Jane caia num caldeirão fervente, resultando em dois finais diferentes (num sistema bem parecido com o clássico The Revenge of Shinobi).

desafio em dobro: derrote o Rei do Crime antes da MJ virar sopa no caldeirão!

Visualmente o destaque fica para o design do escalador de paredes, belamente retratado em pixels e com várias animações para as suas habilidades – um show de bola! Os inimigos também são bem feitos e se destacam na tela, com um nível de detalhes que chegam a impressionar. A variedade é grande, passando por capangas, policiais, mutantes, ratos, cobras, um gorila e até cachorros imortais (sério, esses bichos não morrem de jeito nenhum!). Os vilões famosos também estão bem retratados e perfeitos na tela.

Spider-Man vs The Kingpin” foi um marco na história dos games/quadrinhos, que entrou arrasando na geração 16 Bits e é considerado até hoje um, senão o melhor, jogo do Cabeça-de-Teia de todos os tempos. Um jogo imperdível para o fã do personagem ou de um bom e desafiador jogo de plataforma. A experiência é tão boa e divertida hoje como há mais de 20 anos, experimentem!

Curiosidade: este não foi o primeiro game que o herói apareceu em um console da Sega, e sim como chefão em The Revenge of Shinobi, lançado em 1989.