Além de atuar como presidente da Sega entre 2001 a 2003, Hideki Sato também trabalhou no desenvolvimento da maioria dos consoles da Sega, incluindo o Mega Drive.

Em uma recente entrevista concedida para a revista japonesa Famitsu, ele relembrou como foi o desenvolvimento do icônico aparelho, confira abaixo alguns trechos (via Siliconera):

Eu acredito que as formas de desenvolvimento de hardware mudaram um pouco desde os dias do Mega Drive, mas nos fale sobre alguns dos conceitos que foram incluídos no planejamento do console.

Em suma, nós só queríamos fazer um console de videogame que pudesse vencer a Nintendo. Nós lançamos nosso primeiro console de videogame, o SG-1000, e ele vendeu 160.000 unidades. Esses eram números enormes, considerando que a Sega só fazia jogos de arcade que vendiam não mais do que vários milhares de unidades até então. No entanto, ele não teve chance contra o Family Computer [o nintendinho 8 bits], que foi lançado no mesmo dia.

Naquela época, tínhamos alguns funcionários da Sega visitando as lojas para ver as embalagens dos produtos e a reação dos clientes, mas em vez disso, vimos os Family Computer voando das prateleiras, bem diante de nossos olhos. Eles disseram que eram cerca de dez para cada um que comprasse o SG-1000.

Qual foi sua análise sobre as diferenças entre eles?

Eu acho que a diferença estava no software. Honestamente, a qualidade do software não era tão boa assim. A razão era porque a empresa via os consoles de videogame como um extra ou bônus, em certo sentido. Não conseguimos que nossa equipe interna de desenvolvimento mudasse. Não tivemos escolha senão terceirizar o software, mas contra o bom software da Nintendo, simplesmente não era para ser.

E é por isso que você decidiu melhorar o software para o próximo hardware?

Sim. Eles também finalmente viram os consoles como uma oportunidade de negócio graças ao SG-1000. Dito isso, a situação na época dificultou o foco repentino em novos títulos para a próxima geração. Por isso, lançamos a ideia de “poder jogar os jogos de arcade como eles são” e começamos a desenvolver o console de última geração.

No entanto, precisávamos de uma CPU de 16 bits para portar jogos de arcade. Nós conseguimos um chamado MC68000 … mas era tão caro. Apenas ter esse microprocessador no próprio dispositivo fez o preço subir, então veio com o problema de ser muito caro para um console.

Mas eu não me lembro do Mega Drive ser particularmente caro.

Na verdade, negociamos com a outra parte para vendê-la por um décimo do preço. Dissemos a eles: “Se você concordar em vendê-lo a nós por esse preço, então compraremos 300 mil agora” e “Se der certo, provavelmente venderemos 500 mil ou um milhão”, e de alguma forma conseguimos negociar”.

E como sabemos, o Mega Drive teve um papel importante na indústria, levando a rivalidade entre Sega e Nintendo aos últimos patamares, na hoje lendária guerra dos 16 bits.