Após o sucesso de Shining in the Darkness, a SEGA deu a missão para os estúdios Sonic Company em parceria com a Climax Entertainment para produzirem mais um episódio da saga Shining. O primeiro game teve  investimento pequeno da SEGA, mas rendeu sucesso de público e crítica e os desenvolvedores acreditaram que dessa vez o orçamento seria maior, algo que não ocorreu. A ideia da empresa era repetir o sucesso fazendo o mesmo investimento.

Mesmo com pouco dinheiro, a equipe se esforçou em levar um produto inovador e diferente dos RPGs da época. Já exploramos com mais detalhes os bastidores em um artigo próprio, mas vale lembrar que o produtor Shugo Takahashi dizia que a maioria dos games deste gênero focam em contar uma história interessante, com gameplay e batalhas em segundo lugar. A ideia de Shining Force é inverter essa lógica.

Fazendo “milagres” com poucos recursos

A tela de título possui uma música muito lembrada pelos retrogamers.

Diferente de In the Darkness que usava um estilo de RPG em primeira pessoa chamado Dungeon Crawler, o Shining Force veio para ser um RPG tático, sendo uma grande mudança no sistema e justificando o porquê ele não ser chamado de Shining in the Darkness II.

Ao longo da aventura há 30 personagens recrutáveis, sendo que apenas 12 vão para campo de batalha, e nem todos são obrigatórios. Por ser um RPG tático, a ideia é você ter o seu exército e lutar contra a frota inimiga, andando em um raio pré-determinado, chegando perto do adversário para usar seu ataque, que pode ser uma ofensiva ou então magias, dependendo de quem for.

O diferencial de Shining Force era mesclar elementos de RPG tático (como Fire Emblem) com o estilo tradicional (como Final Fantasy).

As habilidades individuais dos personagens também se fazem presentes. O arqueiro, por exemplo, poderá atirar no inimigo de um lugar mais distante, enquanto um pássaro de combate pode voar a áreas inacessíveis como nas montanhas. Além disso, é necessário proteger ao máximo o protagonista, já que se ele morrer, é Game Over.

Chama a atenção um sistema que tinha tudo para ser complexo acaba funcionando de modo intuitivo e de fácil aprendizado. De quebra, o jogo inova perante os da época ao incorporar elementos de RPG tradicional, incluindo andar em cidades, comprar equipamentos e outros.

Perceba que os personagens são bem estereotipados em suas funções, indicando ao jogador de modo claro “quem” faz “o quê”.

A cada rodada em que você ataca o inimigo é adquirido pontos de experiência e com uma determinada quantidade acumulada, o personagem avança de nível, melhorando as habilidades gerais. O interessante é que ao longo da evolução é possível mudá-los de classe, mudando a vestimenta e deixando-os mais fortes.

Além disso, o jogo é bem feito como um todo: o visual, mesmo não estando entre os melhores do Mega Drive, é competente, com cenários bem detalhados e cenas de luta com visuais bacanas; a história, mesmo bem clichê, funciona para o jogo e é agradável de acompanhar; as músicas também caem bem para a aventura, além de que as lutas são viciantes.

Toda rosa tem seus espinhos…

No entanto, há alguns pontos passíveis de crítica. O primeiro é o nível de dificuldade: fácil para os retrogamers. Provavelmente a equipe quis que Shining Force fosse acessível, simplificando controles complexos do gênero e deixando as batalhas relativamente fáceis. Não chega a ser um problema e para os padrões atuais a dificuldade pode ser considerada moderada, mas aqueles que buscam um desafio maior podem acabar se frustrando.

Cidades reaproveitam os mesmos gráficos.

Além disso, não espere personagens elaborados como um jogo de RPG, sendo que esta era a proposta desde o início. Alguns deles, em especial os extras, aparecem apenas para ajudar na aventura com alguma desculpa que pode soar bem “esfarrapada”. Isso é agravado pela tradução do jogo para o inglês, que omitiu boa parte da premissa do protagonista, tornando a versão japonesa mais rica nesse sentido.

Há poucos quadros de animação para as batalhas.

Também há algumas questões técnicas frutos do baixo orçamento: a maior parte das cidades utilizam os mesmos gráficos, mudando o posicionamento das casas para justificar um novo ambiente; o visual dos ataques são bonitos, mas há poucos quadros de animação e boa parte das lutas se dão no mapa do mundo, apesar de um visível esforço em variar cenários com batalhas em navios, castelos, caverna de gelo etc.

Antigo? sim! Nostálgico e divertido? Sempre!

Verdade seja dita:  o primeiro Shining Force é um game “idoso”, com todo o aspecto de jogo antigo, tanto na distribuição de cores, nas artes escolhidas, no estilo dos personagens e até mesmo a trilha sonora tem jeito de “jogo velho”, não tendo aspecto atemporal como outros games. Talvez seja isso que o faça charmoso, com atributos que uma antiga geração pode proporcionar.

Por um lado, baixo orçamento, por outro, dedicação dos desenvolvedores em levar uma experiência divertida aos jogadores. Todos esses elementos tornam esta experiência nostálgica e vale a conferida também para aqueles que não têm preconceitos com jogos antigos. Sem dúvidas, um ótimo jogo de RPG tático!

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