Depois da sua grande estreia em 1991 – leia mais dessa incrível história aqui Sonic virou uma lenda viva para os gamers e ainda turbinou as vendas do Mega Drive (principalmente nos EUA, onde a Sega liderava o mercado de 16 Bits), e a sequência de seu jogo era muito aguardada.

Sonic The Hedgehog 2” tem uma importância tão grande para a Sega quanto o jogo original, não apenas por ser a continuação de um grande hit e com a obrigação de manter a qualidade excepcional, mas por que, assim como seu antecessor, tinha um grande adversário: “Street Fighter II”. O famoso jogo de luta da Capcom foi lançado em uma conversão praticamente perfeita para o Super Nintendo em 1992 e virou uma grande febre.

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A Sega, preocupada com o aumento das vendas do Super Nintendo e a retomada de fôlego da Nintendo graças aos famosos lutadores de rua, acelerou o processo de desenvolvimento de “Sonic 2”, que começou no final de 1991 com a cooperação entre os grupos da Sonic Team (Japão) e da Sega Technical Institute (EUA).

Inclusive, o cultuado “Sonic CD” do Sega CD começou como um projeto pertencente ao “Sonic The Hedgehog 2” – o marketing da Sega na época listava o jogo para o dispositivo. Porém, durante o desenvolvimento houve discordâncias entre as equipes. Em uma história que nunca foi muito bem explicada, Yuji Naka (um dos criadores de Sonic) e vários membros da Sonic Team saíram da Sega of Japan e foram para a Sega Technical Institute trabalhar no game – reza a lenda que Naka ganhou uma Ferrari nessa transferência e para continuar o seu trabalho em Sonic 2.

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capa de Sonic CD japonês – jogo nasceu junto com Sonic 2

Enquanto isso, no Japão, um time liderado por Naoto Oshima, co-criador do personagem, trabalhou no desenvolvimento do “Sonic CD”, que acabou se tornando um novo e independente projeto de “Sonic 2” – mais isso é outra história, que logo abordaremos aqui no blog!

Durante o tempo em que esteve em desenvolvimento, a Sega investiu milhões de dólares em marketing agressivo para despertar a curiosidade e o hype do público para o novo lançamento – especialmente nos EUA (sob a batuta do visionário CEO Tom Kalinske), onde o Genesis (o Mega Drive norte-americano) e Sonic eram extremamente populares – falavam mal do Super Nintendo na cara dura (os comerciais para TV eram geniais!), inventaram o termo Blast Processing para dizer que o Genesis era mais poderoso, entre outras coisas.

Havia propagandas do novo game do ouriço em todo lugar: em revistas, na TV, nas ruas, nos céus, em eventos musicais e de esportes, desenhos animados, revistas quadrinhos, cards, bolachas, os lanches do McDonald’s… em qualquer lugar que se possa imaginar tinha alguma propaganda de “Sonic 2”. Na época essa grande jogada publicitária ganhou o nome na imprensa de “Sonicmania”, termo esse que a Sega também usava em suas propagandas – e atualmente é o nome de um novo jogo! A campanha foi tão bem sucedida que em uma pesquisa feita com crianças norte-americanas na época, o Sonic chegava a ser mais reconhecido do que o próprio Mickey Mouse.

Agora além da velocidade, os designers também deram atenção aos gráficos bem mais trabalhados e sofisticados e ao novo parceiro de Sonic, a raposa de duas caudas chamada Tails (criado pelo artista Yasushi Yamaguchi). O jogo foi lançado em novembro de 1992 (o lançamento norte-americano foi batizado “Sonic Twosday”, trocadilho com Tuesday, terça-feira), com uma grande legião de fãs que aguardava ansiosamente pela nova aventura do personagem, e como era de se esperar, foi um grande sucesso de vendas e de crítica.

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A volta de Dr Robotnik

A história de “Sonic 2” possui algumas leves diferenças entre as versões americana e japonesa, mas de forma resumida, é a seguinte: O o gorducho cientista maluco Dr Robotnik (ou Eggman, se preferir) está planejando dominar o mundo novamente e está em busca das 7 Esmeraldas do Caos (no jogo anterior eram 6) para usar em sua arma de destruição suprema, a estação espacial  bélica Death Egg.

Ele também está criando um novo exército de robôs – os badniks – transformando novamente os inocentes animais da ilha em seres robóticos, e além disso criou o Silver Sonic (também conhecido como Mecha Sonic), uma versão robótica de Sonic programada para destruir o ouriço.

Sonic, juntamente com um novo amigo, a simpática raposinha Tails, devem iniciar sua busca pelas Esmeraldas do Caos, salvar os animais e o planeta de ser destruído pela Death Egg, e claro, destruir Robotnik e Silver Sonic. Apenas mais um dia na vida do lendário ouriço supersônico.

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Dr Robotnik em seu Egg Mobile – a primeira das geringonças do vilão a aparecer em Sonic 2

Um show visual

“Sonic 2” apresenta altíssimos padrões de qualidade audiovisual que impressionam até hoje. Visuais belíssimos, que mantém a essência do game original, mas que se apresentam na tela ainda mais detalhados, coloridos e bonitos.

Os cenários se interagem como nunca dando um show visual para quem joga, como é o caso da Aquatic Ruin Zone, com suas folhagens que caem ao chão quando Sonic as atravessa. Todas áreas são muito bem feitas, há pequenos detalhes de como as flores desabrochando, pequenas moitas se mexendo ao fundo, ou como na Cassino Night Zone, que aparecem os rostos de Sonic e Tails nas paredes, entre muitas outras coisas. É só prestar atenção nas fases e poderá perceber o cuidado que os des envolvedores tiveram ao elaborar o game, realmente um trabalho que merece os parabéns!

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Além das belas fases, Sonic continua com suas caras e caretas com novas animações, só que desta vez em maior quantidade. Foram adicionadas muitas expressões e movimentos novos para o ouriço, dando muito mais personalidade ao game. Tails também ganhou muitas expressões, aliás, o seu design artístico ficou perfeito e encantou a todos como parceiro de Sonic, como hoje já sabemos pelo sucesso que o personagem fez, e faz até hoje.

Mas não apenas os personagens principais ganharam um cuidado especial com o visual, como também seus inimigos, que não são poucos e são bem variados e diferentes, criando assim muito mais riqueza e personalidade ao game.

Som na caixa!

Assim como os gráficos, a parte sonora de “Sonic 2” não decepciona, certamente uma das melhores trilhas sonoras para o Mega Drive. Novamente Masato Nakamura, da banda Dreams Come True foi o responsável pela trilha sonora, e assim como no game antecessor, cada música se encaixa perfeitamente com a fase e a ação que rola nela. Como os cenários estão mais longos, as músicas também possuem uma duração maior.

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Os temas musicais possuem ritmos variados, como na Cassino Night Zone onde é possível ouvir uma música lenta, no melhor estilo jazz/blues, o tipo de música geralmente associada à cassinos e ambientes desse estilo. Já a Death Egg Zone tem um tom mais sombrio, afinal Sonic está na base do inimigo. A Wing Fortress Zone conta com uma música majestosa, perfeita para uma fortaleza voadora. E até para quem gosta das músicas com um estilo árabe, poderão ouvi-la na Oil Ocean Zone.

Todas as músicas do game são muito bem compostas e combinam perfeitamente com o jogo. Uma curiosidade: A música do final é uma versão da canção “Sweet Dreams” da banda Dream Come True – clique aqui para ouvir um mashup com a versão original e a do jogo.

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Novidades

As fases bônus estão de volta melhores do que nunca. Desta vez o jogador controla Sonic em um longo corredor, onde deve desviar de obstáculos e coletar argolas e as tão desejadas Esmeraldas do Caos.

E eis aqui uma super novidade: ao juntar as 7 esmeraldas, Sonic poderá se transformar no Super Sonic amarelo (uma clara homenagem aos Super Sayajins do anime Dragon Ball Z) pela primeira vez, uma versão mais rápida (o bicho até voa!) e praticamente indestrutível, se tiver ao menos 50 argolas. Mas cuidado, Super Sonic Pode morrer afogado, esmagado e caindo em abismos.

Outra novidade é um divertido modo VS para dois jogadores simultâneos na tela, onde a tela fica dividida no meio e vence quem fizer melhor pontuação em cinco categorias: placar, tempo, anéis ao final, anéis totais, e monitores quebrados.

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Conclusão

Sonic The Hedgehog 2” caiu nas graças do público e da crítica por não apenas manter, mas também melhorar a excelente qualidade do game anterior. O jogo virou um hit e novamente ajudou a turbinar as vendas do Mega Drive, sendo uma peça chave na eterna guerra “Sega vs Nintendo” e oferecendo aos fãs uma experiência inesquecível.

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