Desenvolvido por uma equipe da própria SEGA, Spellcaster foi lançado em 1989 para o Master System, sendo baseado no mangá Spirit Warrior, bastante popular nos anos oitenta. Seu sucesso levou a uma continuação, Mystic Defender, lançada em 1990 para Mega Drive.

TRAMA SIMPLÓRIA COMO “PONTA DO ICEBERG”

Se passando no Japão medieval, o protagonista Kane foi invocado pelo monge budista Daikak, o grande líder do templo Summit, para impedir uma guerra entre duas facções de warlords. Antes dele, Daikak chamou outros guerreiros, mas nenhum deles retornou.

Sabe-se que forças malignas estão atacando os templos japoneses, mas ninguém sabe as razões ou o porquê. Como Kane tem o sonho de se tornar um Spellcaster, ele resolve partir nesta missão.

No entanto, ele não sabia que tudo isso era apenas a ponta de um iceberg, e ele embarcará em uma história cheia de reviravoltas e problemas!

VARIEDADE E PERFECCIONISMO

Sabe um jogo bem feito em praticamente todos os pontos e que visivelmente teve a dedicação dos desenvolvedores? Este é o caso de Spellcaster, que mistura várias jogabilidades para transmitir uma experiência única e, por isso, muitos consideram um dos melhores (até mesmo o melhor) jogos do Master System.

São três gameplays dependendo da situação, sendo dois principais: uma parte em plataforma onde você deve derrotar inimigos e andar do ponto A ao B, e uma que remete aos games “Adventure”, onde você deve conversar com NPCs para prosseguir, ganhar itens e entender a história. Na reta final, também é incorporada a jogabilidade semelhante aos jogos de “navinha”.

Por falar em história, ela é muito bem desenvolvida para os padrões do Master System, se iniciando com uma premissa simplória, porém vai se aprofundando e há momentos bem inesperados.

Além disso, os desenvolvedores se preocuparam em dar uma experiência bastante rica ao jogador, com um grande número de magias no menu de pausa para serem escolhidas, além de que é possível aumentar sua resistência ou força de ataque coletando armaduras e armas ao longo do gameplay.

Fora que o game tem uma identidade bastante própria, com cenários sombrios e toda a ambientação que remete ao Japão medieval. Cada cenário é bastante único e, em nenhum momento, o jogo passa a sensação de ser genérico.

Os chefes também esbanjam criatividade, sendo necessário dominar seu padrão de ataque e o inimigo que inicialmente parece bastante difícil, pode se tornar “mamão com açúcar” após aprender como proceder.

Além disso, exceto em situações bem específicas, o nível de dificuldade é acessível e  há continues infinitos, algo bem atípico para os jogos da época e acaba sendo atraente a jogadores menos experientes.

Também há itens secretos, o que aumenta não só os fatores de exploração, como também o replay, e o jogo é bem longo para os padrões do Master System, necessitando de umas quatro ou cinco horas, no mínimo, para finalizá-lo.

Some tudo isso a visuais impressionantes, com o protagonista tendo diversos quadros de animação, cenários detalhados para o padrão do Master, além de uma trilha sonora ótima e temos um dos jogos tecnicamente mais bem feitos do console. Bugs e problemas de desempenho também são praticamente inexistentes.

SEM ERROS? QUASE!

Mesmo com tantas virtudes, há alguns “tropeços” que não podem passar batidos. Talvez o mais grave seja a tradução ruim para o inglês, com erros de ortografia bem evidentes que dão um aspecto amador para o título.

A tradução mal feita também pode comprometer o entendimento da história e, como a maioria de nós não entende japonês, não saberemos se o que está escrito na tradução para o inglês foi, de fato, o que era para ter sido dito.

O fato do game ter grande ênfase na narrativa também pode afastar muitos brasileiros que não entendem o idioma, já que é necessário algum conhecimento, mesmo que básico, do inglês para prosseguir.

Também tem o detalhe de que você escolhe as magias no menu de pausa, sendo que o botão para acessá-lo é o pause que fica no próprio videogame, sendo completamente anti-prático.

Por fim, as partes em plataforma também contam com uma física problemática quando o inimigo te ataca. Provável que os desenvolvedores quiseram dar alguma espécie de realismo, já que quando você é atingido ele dá alguns “passos para trás”, mas isso pode levar a algumas mortes injustas ao cair em buracos, por exemplo.

No fim das contas, os defeitos de SpellCaster são pífios perto de todas as virtudes do título. Sendo bom em absolutamente todos os pontos, ele é um game a frente do seu tempo e é mais um clássico do Master System.