Sword of Vermilion veio algum tempo depois de Phantasy Star II, estando entre os primeiros games a ser lançado para o console no longínquo ano de 1989 no Japão. Na época, ele vinha junto com um livro de 106 páginas (!) mostrando as dungeons e ensinando a como zerá-lo. Além disso, foi o primeiro jogo exclusivo para consoles idealizado por Yu Suzuki, que anos mais tarde ficaria famoso pelo game Shenmue, no Dreamcast.

ELE SENTIRÁ O PESO DA MINHA VINGANÇA!

O rei de Excalabria, Erick V, tem seu império dominado por um outro rei: Tsarkon, de Cartahena. Antes de morrer, Erik diz a seu mais leal dos servos, Blade, para escapar com sua família e dá a ele o Anel da Sabedoria e pede para escondê-lo. Blade cria o neném na cidade de Wyclif como seu próprio filho e, dezoito anos depois, esse lugar é invadido pelas tropas de Tsarkon.

Muito doente, Blade revela ao adolescente que ele é o príncipe de Excalabria.

“Não sou seu verdadeiro pai. Você é filho do Erik de Excalabria…”.

Blade dá as coordenadas para ele encontrar o anel da sabedoria e diz que ele deve encontrar num lugar perto.  Além deste, outros 7 anéis serão necessários para salvar o mundo, sendo que Tsarkon também possui 8 anéis da maldade.

A FRENTE DO SEU TEMPO…

Chama a atenção o experimentalismo e a ambição de Yu Suzuki (parece que ele sempre gostou de ser assim, não é Shenmue?) em desenvolver um jogo muito a frente do seu tempo, o que justifica seu sucesso na época e, até hoje, é considerado o RPG favorito do Mega pra muitos.

São quatro gameplays: nas cidades, o game funciona como um bom jogo de RPG da época, com a “vista de cima”, casas e lugares para comprar itens; no mapa do mundo e nas dungeons, o game fica em primeira pessoa.

As batalhas possuem uma transição de tela e funcionam como um RPG de ação, onde você luta contra os inimigos em um cenário e pode se movimentar livremente e, por fim, os chefes (chamados aqui de ArchMonsters) são batalhados em uma perspectiva lateral.

O game não é difícil, ainda mais considerando os padrões daquele tempo, o que pode ser bem atraente aos jogadores mais novos que querem dar uma chance aos games “da velha guarda”.

Além disso, é bastante longevo e uma aventura pode durar entre 8 e 10 horas. Considerando o ano de lançamento (1989/1990), os visuais eram muito bons, impressionando ainda mais nos mapas tridimensionais. No entanto, o Mega Drive provou anos mais tarde que podia fazer visuais muito melhores.

O destaque neste ponto é na luta contra os chefes, já que alguns monstros gigantes e detalhados ficam bem bonitos. Também chama a atenção a trilha sonora: memorável, bacana e mostra bem a capacidade do Mega Drive. O único ponto é que, dependendo de qual música toca, pode se tornar um pouco repetitiva.

…MAS NÃO RESISTIU AO PRÓPRIO TEMPO!

Infelizmente este é um dos casos que o tempo fez com que envelhecesse de modo não muito saudável, o que pode não ser atraente para muita gente, a menos que seja um retrogamer.

Os menus, por exemplo, são bem burocráticos. Você não simplesmente chega perto e aperta um botão para conversar, mas deve ir no menu, ir na opção “Talk” e aí sim, se comunicar com alguém. De quebra, o protagonista anda muito lento nas cidades, algo suavizado nas dungeons. Por falar nessas últimas, a médio-longo prazo se tornam bem repetitivas, já que praticamente todas possuem os mesmos gráficos, mudando apenas o design delas.

O mesmo vale para os inimigos, que em muitos casos são apenas recolores de anteriores para indicar que aquele lá é mais forte que o antecessor. Some isso ao fato de ter muitos encontros aleatórios e a frustração acaba sendo inevitável. Sabe aquele sentimento de: “De novo?!”. Isso era muito comum nos jogos da época, sendo um ponto que Suzuki não foi “a frente do seu tempo”.

Por fim, mesmo com uma trama relativamente bacana, o desenvolvimento dela é básico e bastante previsível, o que em jogos de RPG acaba devendo. Não é ruim, mas passa o sentimento de que podia ser melhor.

RETROGAMERS INVOCADOS!

Sword of Vermilion não é um game para todos e, de fato, está datado. Sistemas burocráticos, dungeons repetitivas e historinha clichê afastam-o do título “atemporal”.

Por outro lado, tem méritos o suficiente para alcançar o status de “clássico do Mega Drive”. Se você é retrogamer e gosta de RPGs antigos, definitivamente deve testá-lo. É um excelente jogo e pode ser bem envolvente.