O clássico “Wonder Boy” está voltando com cara nova na geração atual com os jogos “Monster Boy and the Cursed Kingdom” (que conta com a colaboração do seu criador, Ryuichi Nishizawa), com lançamento previsto para 2017 no PC, PS4 e Xbox One; “Wonder Boy: The Dragn’s Trap” (remake de Wonder Boy III) para PC e consoles e o recém anunciado “Wonder Boy Returns”, um remake para PC e PS4.

Uma verdadeira invasão de “Wonder Boys”, e para ir aquecendo os motores para os seus lançamentos, nada melhor do que uma retro-análise do jogo original que fez tudo isso acontecer há 30 anos: “Wonder Boy“, que fez bastante sucesso especialmente no Master System nos anos 80 e 90.

O jogo nasceu em 1986 originalmente para os arcades, e segundo o seu criador, ele teve a ideia do game por não gostar da jogabilidade de “Super Mario Bros“, lançado para Nintendinho em 1985.

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Penso que o que me motivou foi ‘Super Marios Bros.’ para o Famicom [NES]“, disse em entrevistas Ryuichi Nishizawa. “Foi um grande sucesso no Japão naquela época, mas eu não gostava do jogo. Tinha uma péssima jogabilidade. Para alguns era o seu ponto forte, mas eu odiava. Os movimentos não eram bons. Era um jogo muito frustrante. Perguntei-me porque ele não me estimulava, e foi isso que me levou a fazer ‘Wonder Boy’“, revelou.

A série “Wonder Boy” fez um sucesso considerável (não como o do bigodudo) e acabou gerando cinco sequências, lançadas para arcade, Master System, Game Gear e Mega Drive. Inclusive três jogos da série foram convertidos pela saudosa Tec Toy com os personagens da Turma da Mônica: “Wonder Boy in Monster Land” virou “Mônica no Castelo do Dragão” para Master System; “Wonder Boy III: The Dragon’s Trap” virou “Turma da Mônica em O Resgate” para Master System e “Wonder Boy in Monster World” se tornou “Turma da Mônica na Terra dos Monstros”, lançado para Mega Drive – futuramente falaremos mais sobre essas versões especiais, fique ligado!

O jogo inclusive também foi “clonado” nos sistemas rivais da Nintendo com a série “Adventure Island“, lançado pela Hudson Soft com algumas alterações em suas mecânicas e visuais, que acabou trilhando o seu próprio caminho na Big N. wb2

Corrida contra o tempo

Mas voltando ao nosso primeiro “Wonder Boy“, a história se resume a um garoto das cavernas que deve salvar sua namorada que foi raptada pelo Dark King, um mo-mo-monstrão que troca de cabeças. Para isso, o jogador deve guiar o jovem herói por sete fases (nove no Master System), compostas por quatro áreas cada (sendo a quarta a batalha com o chefão), com cenários que variam entre florestas, montanhas, oceanos, cavernas e palácios.

Para a época, o jogo era imenso, principalmente para os arcades, que geralmente eram feitos para terem uma curta duração – Wonder Boy tinha partidas de mais de 1 hora para ser fechado no arcade. Sua versão para Master System era ainda mais longa, com duas fases novas exclusivas, além das sete originais (um amigo meu inclusive dizia que o jogo era infinito e não tinha fim). Além disso, assim como no arcade, coletar todas as 36 bonecas que aparecem nos cenários (algumas bem escondidas), revela uma fase extra, totalizando para dez (acredite, uma proeza para poucos completar todas!).

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A jogabilidade é bem simples, e realmente bem mais dinâmica e veloz do que a de “Super Mario Bros” (até demais), que era mais “entrucada“. Nosso herói se movimenta sempre da esquerda para direita, desviando de obstáculos e com algumas plataformas móveis verticais. Aqui não se mata os inimigos pulando em cima deles, mas sim usando machadinhas de pedra contra eles. Apesar da temática rústica, é possível usar um skate como item especial, que o faz andar ainda mais rápido e com a vantagem de não perder uma vida quando atingido pelos inimigos, apenas perdendo a sua condução.

E falando na barra de energia, ela usa um sistema bem interessante. Composta por várias barrinhas, elas vão decrescendo com o tempo em um ritmo constante, e só são recarregadas através da coleta de frutas espalhadas pelo cenário. Ou seja, fique muito tempo parado ou sem comer uma fruta e você acabará morrendo. Esse sistema força o jogador sempre estar em movimento, o que deixa a aventura bem intensa e divertida.

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Há também um anjinho que dá invencibilidade temporária, permitindo passar por cima de obstáculos e inimigos. Os machados, skate e anjinho são obtidos ao quebrar ovos espalhados nos cenários, que também podem conter surpresas desagradáveis, como maldições e cogumelos venenosos que reduzem sua vitalidade. Ainda é possível encontrar uma bolsa feminina ou relógio, que o transportam para uma fase de bônus nas nuvens, e coletar as letras da SEGA, que rendem uma vida.

Em termos gráficos, o jogo é bem simples, mesmo em sua versão para arcade, o que permitiu uma conversão bem fiel no Master System, com algumas pequenas modificações, apresentando cenários coloridos e design artístico cartoon fofo, tanto para o personagem principal como para os inimigos – que são bem variados, como lesmas, canibais, sapos, polvos, peixe-espada, entre outros bichos, que matam com um único toque.

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Numa primeira vista, o jogo parece fácil, mas a medida em que se vai avançando, as fases ficam mais complicadas, com subidas, descidas, vários tipos de obstáculos, inimigos e plataformas móveis estrategicamente posicionadas para ferrar o jogador desprevenido ou apressado – especialmente quando se trata de um chão congelado, deixando tudo mais escorregadio.

Mas como nada é perfeito, o principal defeito de “Wonder Boy” é ter cenários repetidos em toda a sua aventura, se passando sempre em florestas, montanhas, cavernas, oceanos e palácios, mas com designs diferentes (no Master System temos uma variação maior). Até os chefões, basicamente são todos os mesmos, apenas mudando a cabeça e sem oferecer grandes desafios (provavelmente devido às fases que tem desafio crescente e são bem cabulosos nos últimos cenários).

Outro problema é a sua trilha sonora, se é que posso chamar assim, já que é composta em sua maior parte por um único tema musical (o chefão tem um tema diferente, mais sombrio). Apesar de ser uma musiquinha bem legal, daquelas que gruda e fica na cabeça, depois de um tempo ela começa a “encher o saco” e fica cansativa.

Conclusão: O Master System não tinha “Super Mario Bros”, mas jogos como “Alex Kidd” e “Wonder Boy” quebravam o galho de maneira espetacular. Apesar de seus pequenos problemas, “Wonder Boy” é um jogo simples, mas bem desafiador e divertido, que está até hoje na memória de quem o jogou lá nos anos 80/90 no arcade ou no Master System. Certamente um clássico cheio de carisma que vale a pena conhecer.

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