Após a recepção mista para negativa de Phantasy Star III, a SEGA decidiu que o próximo título seria uma redenção. Por mais que ele não seja tão inovador quanto o primeiro ou o segundo, o quarto episódio é facilmente considerado pela maioria dos fãs como o melhor da série, justamente por pegar todos os pontos positivos dos dois primeiros e potencializá-los ao máximo.

Foi lançado em 1993 no Japão com o nome de Phantasy Star: The End of the Millenium, sem o sufixo “IV”, e em 1995 na Europa e Estados Unidos. Aqui no Brasil, foi o único game da era clássica de P.S a não ter uma tradução oficial “pelas mãos” da Tectoy.

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Inicialmente para Sega CD

 A ideia original era que o jogo se chamasse “Phantasy Star IV: The Return of Alis“, indicando que a personagem Alis Landale do primeiro Phantasy Star retornaria. Segundo poucas informações divulgadas, ele seria para o SEGA CD, teria cenas em vídeo, músicas de CD, e conexão maior com o terceiro episódio da série.

No entanto, devido ao pouco sucesso comercial do periférico, eles decidiram migrar o projeto para o Mega Drive, e também mudando o contexto do game. Supõe-se que o único resquício da época do SEGA CD são as cenas representadas por fotos de anime, que no periférico seriam totalmente animadas.

Já no próprio Mega Drive, a ideia original era que ele tivesse as dungeons com formato 3D similar a do primeiro jogo.  Só que os desenvolvedores começaram a achar que o design seria monótono e repetitivo, até porque o game é expressivamente maior que o primeiro. Por essa razão, decidiram fazer as dungeons de modo mais tradicional.

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1000 anos após os eventos de Phantasy Star II, e não o III

Certa vez, uma brilhante civilização floresceu aqui. As pessoas devotavam-se para a arte das ciências, e a vida era próspera e boa. Então uma série de desastres aconteceu. O sistema de controle principal, Mother Brain, foi destruído. Assim como o primeiro planeta, Palma. Mais de 90% da população do sistema morreu no desastre, e a cultura tecnologicamente avançada foi perdida.

A sociedade estava em decadência, decaindo progressivamente até apenas sobrar alguns poucos grupos que ainda se lembravam que já existiram tempos melhores. Mil anos se passaram. Finalmente, a civilização estava uma vez mais levantando-se no sistema Algol. Pessoas novamente tem sonhos de uma vida mais fácil. Antigos conhecimentos e cultura estão sendo descobertos. Mas assim como as coisas parecem estar melhores, atrás de um longo e esquecido pensamento, um terrível e antigo mal desperta…

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Nesse contexto temos os protagonistas Alys Brangwin e Chaz Ashley, ambos caçadores de Aiedo, a maior cidade de todo o sistema Algol, localizado em Motávia. Os dois são contratados pelo reitor da Academia da cidade de Piata para resolverem um problema, pois um monstro invadiu o subsolo da universidade.

Após resolver esta missão, ambos tomam conhecimento de um misterioso mago de grandes poderes chamado Zio e também as lendas do terrível Dark Force. No entanto, esse é apenas o começo de uma aventura que envolverá todo o destino de Algol.

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 O RPG “de luxo” do Mega Drive

Com incríveis 24 megabits de memória, a SEGA não estava de brincadeira em querer desenvolver um jogo épico e memorável aos fãs de Phantasy Star. Por isso, vemos o perfeccionismo técnico em todos os pontos.

Os gráficos atingem facilmente a nota dez, com cenários ricos em detalhes, cores bem distribuídas, belos efeitos das magias, as batalhas contam com plano de fundo como o terceiro episódio e também mostra os personagens de costas como no segundo, e é visível um esforço em explorar ao máximo a capacidade do Mega Drive.

O mais interessante é que as cenas contam com diversas imagens estáticas ao estilo anime para contar a história, sendo uma excelente “saída” para transmitir o impacto que a trama pede, além de ser uma alternativa genial às limitações do Mega Drive. Some isso a uma trama envolvente com personagens carismáticos, e é capaz de você derramar lágrimas em alguns momentos do jogo.

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Outro ponto é o ritmo dos acontecimentos, pois o jogo inteiro é “frenético”, com diversos assuntos propostos sendo abordados e resolvidos em uma sequência relativamente rápida, dando agilidade a trama, e deixando-a  dinâmica.

Não podemos esquecer de falar das músicas.  Diferente dos JRPGS da época que procuravam um estilo mais clássico para a ambientação, o Phantasy Star IV aposta no techno e eletrônico, talvez para remeter melhor o estilo futurista, além de ser mais um ponto a dar identidade ao título. Elas não só combinam com cada momento proposto, como são memoráveis, diversificadas, e ainda contam com algumas músicas remixadas do primeiro game.

Quanto a jogabilidade, ela é a típica dos jogos de RPG da época: você anda em um mapa do mundo, acessa cidades para comprar equipamentos, passa por labirintos, enfrenta inimigos em encontros aleatórios, abre baús, e por aí vai. Os comandos são simples e intuitivos, assim como os menus são “fáceis de dominar”.

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Neste ponto, a principal inovação é que os personagens podem fazer ataques combinados dependendo das magias que você escolher, o que amplia consideravelmente as possibilidades do gameplay. É possível fazer combinações em que até os cinco personagens do grupo se unem para fazer um único ataque.

Também há vários veículos disponíveis, e curiosamente entramos em modo de batalha com eles. Por fim, o nível de dificuldade é o mais balanceado de toda a saga clássica: nem fácil demais, nem com dificuldade exagerada como no segundo jogo. Vale dizer que os personagens andam em velocidade mais alta desta vez.

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Talvez o maior defeito seja justamente dar um “ponto final” a esta série. Por outro lado, é capaz do jogo não ter sido tão épico e dinâmico se não tivesse essa proposta desde o início, mesmo deixando inúmeros fãs da série “órfão” depois de um game tão bom. Se você curte um JRPG “old-school” e não tem problemas com um título que carrega o “peso da idade”, definitivamente você precisa dar uma chance. Esse game é daqueles que, depois que você zera 100%, ficará na sua cabeça.

Nota 10 em absolutamente todos os pontos, Phantasy Star IV para Mega Drive é uma lenda!