Como já vimos por aqui, a saga do ninja Joe Musashi começou em 1987 nos arcades, ganhando uma aclamada sequência no Mega Drive chamada “The Revenge of Shinobi”.

Quase ao mesmo tempo que Revenge chegava ao Megão, em 1989, a Sega também lançou um novo game do ninja nos arcades, chamado “Shadow Dancer“, com um um estilo e mecânicas bem diferentes, mas ainda assim semelhante ao jogo original de 87.

Além dos gráficos e visuais melhorados, a nova aventura trazia uma novidade bastante significativa: o ninja tinha a companhia de um cachorro para ajudá-lo nas matanças!

E acredite, a única coisa mais legal de se controlar um ninja em um game, é controlar um ninja E um cão assassino sob seus comandos!

Shadow Dancer no arcade

O game apresenta quatro estágios, divididos em quatro capítulos (o último era sempre o chefão), e tem uma dificuldade acima da média. Curiosamente, não possui nenhum tipo de história ou introdução, e a identidade do ninja é desconhecida, sendo que seu nome (ou do cachorro) não é citado em nenhuma parte da aventura.

Apenas saia com o seu amigo canino e mate os ninjas-terroristas na cidade e salve os reféns. Essa versão ganhou conversões para Master System (o ninja foi batizado de Takashi no manual) e computadores, mas em 1990 o Mega Drive ganhou um remake, com o subtítulo “The Secret of Shinobi“, para deixar claro que era uma sequência de Revenge.

Assim como em Revenge, a Sega não fez uma mera conversão “meia-boca” do arcade para o seu 16 Bits, mas o reformulou totalmente, e o resultado ficou ainda melhor, com um game mais arrojado e melhor que a original em certos aspectos. O jogo agora possui cinco fases, divididas em três capítulos (sendo o terceiro o chefão), com algumas delas inspiradas na versão arcade, mas com várias modificações, e outras totalmente novas e fresquinhas, como o belo cenário da estátua da liberdade.

Além disso, game ganhou uma história. Duas na verdade: o manual da versão japonesa diz que o ninja é Hayate, filho de Joe Musashi, enquanto oos manuais ocidentais dizem que é o próprio Musashi, que voltou depois da aposentadoria. Confira os detalhes abaixo:

Vingança em Big Apple

Após desmantelar a organização Neo Zeed (em Revenge), Joe Musashi achou que suas habilidades ninjas não seriam mais necessárias e mudou-se para Nova York, onde arrumou um pupilo de artes marciais chamado Kato. Certo dia, Musashi volta para sua terra natal, o Japão, mas enquanto isso, Kato descobre que alguns maus elementos ocuparam uma escola, arrumando confusão e raptando crianças.

Kato resolve investigar, mas é severamente ferido pelos bandidos. Ao saber da tragédia, Musashi imediatamente retorna aos EUA, mas o jovem já havia passado desta pra melhor, não deixando nada, apenas suas últimas memórias do que aconteceu e o seu fiel companheiro, o cachorro Yamato. Tomado pela fúria e ódio, Musashi promete vingar a morte de seu aluno.

Kato morreu pelas mãos de ninjas do clã “Union Lizard”, um vasto e poderoso grupo que recebe ordens de um “Demônio Lagarto” chamado Sauros. Eles já dominaram as ruas de Nova York, e pretendem estender o seu território ainda mais, espalhando destruição e capturando pessoas inocentes. A única esperança agora reside no ninja das sombras Shinobi e o seu cão, Yamato, para pôr abaixo mais um sindicato criminoso e triunfar sobre essa força maligna – o que para Shinobi, já virou rotina.

luta mortal sob os olhos da  Estátua da Liberdade

Malditos ninjas, mal posso ver os seus movimentos!

A Sega já acertou ao inserir uma narrativa bem bacana ao game, colocando “nome aos bois” e adicionando aquela pitada de mitologia japonesa, bastante comum nas histórias ninjas, na forma do “Demônio Lagarto” e a sua gangue nos tempos modernos. A primeira fase já impressiona, com a cidade em chamas, com um efeito de fogo muito legal ao fundo e sofrendo terremotos, além claro de estar infestada de inimigos pelo caminho.

Em comparação ao arcade, os personagens estão menores na tela, mas mantêm um excelente design de arte, até mais bonito que nos fliperamas. Shinobi mudou seu guarda-roupa ninjístico, e agora sua vestimenta lembra mais uma armadura, sem esquecer a máscara e a katana nas costas, o que lhe confere um visual bacaníssimo na tela. E ter um cão como parceiro ajuda ainda mais neste quesito.

salve os reféns e garanta power-ups valiosos para seus shurikens

Os cenários em si não trazem grandes novidades para a época, seguindo a fórmula de jogos de plataforma 2D, mas são muito bem feitos e detalhados, contando inclusive com alguns efeitos especiais, como quando se usa as magias, ou efeitos parallax de nuvens e água se movendo em planos diferentes, criando mais movimentos/animações e deixando as áreas mais belas. O jogo está mais colorido, com contrastes mais fortes, no arcade as cores eram mais claras e brandas, aqui estão mais escuras e sombrias, também uma melhora significativa.

“Shadow Dancer” tem uma dinâmica diferente de “Revenge”, apesar de ambos serem games de plataforma 2D. Aqui o jogador precisa salvar reféns durante o caminho (que dão bônus e power ups), e os cenários não são tão complexos também. Basicamente vá andando para frente e matando inimigos de forma bem linear.

É possível também subir ou descer plataformas, ou ainda passar para o outro lado de uma cerca, por exemplo. Shinobi pode usar como armas Shurikens, as famosas estrelas mortais de ferro, sua espada quando próximo de inimigos e três tipos de de magia Ninjitsu que mata todos os inimigos da tela – que só pode ser usada uma única vez a cada estágio, excelentes para os chefões também.

quando próximo dos inimigos, Musashi usa sua poderosa Katana

O Dançarino das Sombras

A fórmula é simples, mas o resultado é diversão garantida, especialmente pelo uso do cão Yamato, uma novidade para o estilo do jogo. Ele não está lá só de bonito não, Yamato realmente ajuda em trechos mais complicados ou inacessíveis para o ninja. Basta manter pressionado o botão de ataque até o ícone no meio da tela estar cheio, então soltar o botão para a fera cravar os dentes no inimigo mais próximo.

Enquanto o cara tenta se livrar do bicho, ele abaixa a guarda para o seu ninja ir lá e cortá-lo em pedacinhos. Mas cuidado, se demorar muito quando Yamato estiver mordendo o inimigo, ele vai levar uma “bicuda” e vai se transformar num adorável e inofensivo filhotinho, até que você encontre um refém e ele possa voltar ao seu tamanho normal.

Apesar dessa grande ajuda canina, a dificuldade do jogo está um pouco acima da média, Shinobi pode ser um ninja poderoso, mas ao levar um único tiro, uma porrada, espadada, perde uma vida. Não há barras de energia e as fases têm limite de tempo, então não se enrole muito. Caso um inimigo esbarrar ou cair em cima de Shinobi, ele será apenas empurrado para trás.

jogo conta com belos cenários ao fundo

Os bandidos se posicionam em lugares estratégicos, ou se defendem dos ataques, o que vai exigir que o jogador busque por proteção atrás de caixas/pilares e espere o momento oportuno para atacar silenciosa e mortalmente, ou então que use o seu estiloso dog para limpar a barra. Para quem gosta de desafios hardcore, pode ativar um modo para se tirar os shurikens e ir apenas com a katana, chutes, a cara e a coragem – realmente um desafio somente para ninjas!

Os chefões são criaturas/monstros demoníacos, bastando apenas decorar o padrão de ataque e acertar shurikens em suas cabeças. Entre as fases há as fases bônus muito divertidas, em que Shinobi está em plena queda livre entre dois prédios e deve matar todos os ninjas que surgem.

a divertida fase bônus!

Por fim, a ausência do lendário Yuzo Koshiro na trilha sonora realmente fez MUITA falta (segundo o próprio, a Sega tinha equipes diferentes para cada jogo Shinobi lançado), não repetindo as maravilhosas composições de “Revenge of Shinobi”.

Mas os temas musicais não chegam a ser ruins, são bons o bastante para combinar com a ação da tela, sendo que algumas músicas são versões inspiradas da versão arcade – e com som até melhores no Mega Drive. Os efeitos sonoros também estão bem utilizados, e estão em maior número do que o jogo original, o que também é um ponto positivo.

Shadow Dancer: The Secret of Shinobi” é um ótimo exemplo de como se converter um arcade mais poderoso para um videogame caseiro mais modesto, resultando em um produto melhor que o original! Simples, divertido e viciante, a nova aventura de Joe Musashi e seu ninja dog é uma opção mais do que recomendada para os fãs do gênero!