Ao longo da Brasil Game Show encontramos o responsável pela página de humor “16 Bits da Depressão“, Fabrício Aguiar. De grande sucesso entre o público retrogamer, a fanpage no Facebook já tem mais de 320 mil curtidas e atualmente é a principal referência brasileira quanto aos memes envolvendo games 16 bits.

Curiosamente, Fabrício era escrevente de cartório que dedicava seu tempo livre para a página. Atualmente, ele tira boa parte de sua renda com a 16 bits da depressão graças a uma campanha no Apoia-se, sendo que uma das recompensas são aulas particulares através de videoconferências para ensinar como a fazer os memes, tirinhas e outros.

Fale um pouco de como surgiu a ideia para o 16 bits da Depressão

Primeiramente quero dizer que é uma honra ser entrevistado pela Tectoy! Pra mim é um ponto alto da carreira (risos)!

Quanto  página 16 bits da depressão, ela começou como um hobbie, já que eu tinha um tempo disponível, e a ideia era unir as coisas que eu gostava: música e videogame, em especial os de 16 bits.  Já o nome veio porque era comum na época (2016) as páginas de humor terem o sufixo “da depressão” para indicar que seriam memes.

Em relação aos 16  bits, você tinha uma preferência pelo Mega Drive ou o Super Nintendo?

Mega Drive, lógico! Foi meu console de infância e “pesou muito” na escolha do 16 bits. Na época eu tinha o cartucho 6-Pak que vinha Sonic, Streets of Rage, Golden Axe, sendo este último o meu favorito, já que para mim, ele é uma obra-prima.

Como funciona o processo criativo da 16 bits da depressão?

O  processo é improviso e a intuição, vindo de forma espontânea.  A primeira coisa que faço é “juntar os pixels”, mesmo sem roteiro e sem ideias. Depois dele pronto, como um personagem tocando violão, por exemplo, eu tento assimilar aquela imagem com algo do cotidiano, muitas vezes avaliando o que está nos trending topics do Twitter ou o que está “na área”, já que o “timing” também é muito importante.

E os programas utilizados?

Faço no Photoshop e depois compilo tudo no Sony Vegas. A maior parte do material visual já pego de sites que já tem a ripagem, mas muitos eu tenho que ripar eu mesmo.

Dá um trabalhão, então…

Dá bastante! Tenho que separar camada por camada.

Qual o videoclipe mais famoso e que mais te “dá orgulho”?

Creio que os mais famosos são “O Homem na Estrada”, feito com o jogo Cadillac & Dinossaurs e a música do “Scorpions” com uma banda do personagem “Scorpion” de Mortal Kombat.  Acho que o trocadilho deu muito certo. Já o primeiro “grande hit” foi o do Raimundos, apesar de eu não me orgulhar muito dele por ter algumas falhas, mas na época estava começando a aprender.

Tem algum vídeo que tenha marcado mais você mesmo, independente da popularidade dele?

Tem um vídeo paródia de um filme “O Pistoleiro chamado Papaco” que fiz com Sunset Riders. Esse foi um processo muito divertido, definindo “ainda mais” a minha intenção de fazer o 16 bits da depressão para o “resto da vida”.

Naquele vídeo em que todos estão se cumprimentando, por que a 16 bits da depressão demora tanto para dar um abraço na Tectoy? (risos)

Aquele é o momento ápice do vídeo! Até porque no vídeo original são os dois protagonistas do programa de comédia se encontrando. Aí rola aquela dúvida “será que é, será que não é?”. Ali era para dar destaque para a Tectoy (risos).

Qual jogo da SEGA você gostaria que ela remasterizasse ou atualizasse para os dias de hoje?

Deixa eu puxar uma lista! (Risos). Se eu tivesse que escolher um, acho que ela deveria dar mais atenção para a série Shinobi. Creio que foi um pouco “deixado de lado”, acho que é uma temática pouco explorada nos jogos de hoje e seria uma ótima oportunidade de misturar a jogabilidade “Stealth” com plataforma.

Divulgação

E da Tectoy? Qual produto gostaria que ela lançasse?

Recentemente cobrei o controle de seis botões, mas vocês fizeram, então fiquei meio sem o que pedir (risos)!

Quanto aos jogos retrô, você acha que há espaço para eles hoje em dia para os novos gamers?

Sem dúvidas! Pelo público que interage com a própria 16 bits da depressão, a gente percebe que são pessoas não tão jovens, mas há muitos adolescentes que são atraídos pelos jogos antigos e é perceptível que eles conhecem bastante.

Recentemente fiz um concurso para a pessoa identificar todos os jogos que havia na imagem, e o menino que ganhou tinha 12 anos. Ele era autista e tinha memória fotográfica.

E sobre a BGS? O que você está achando?

Eu esperava ver a galera retrogamer, mas infelizmente são poucos estandes dedicados a esse segmento.  Comparado ao ano passado, já houve uma melhora, mas acho que dá para expandir ainda mais! Quem sabe no futuro tenha uma BGS inteira só focada no público retrogamer?

Para finalizar, alguma mensagem para quem quer trabalhar com games?

Primeiro tem que “amar”, senão, o trabalho não vai render. Procure uma fonte que você ame e tenha bastante foco. Quando comecei com a 16 bits da depressão eu não sabia nada dos programas que utilizo, não sabia nem mesmo o que era pixel. Mas hoje em dia temos 320 mil curtidas no Facebook.